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Por que o jovem não deve ler/Ulisses Tavares

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Por que o jovem não deve ler!
Ulisses Tavares


Calma, prezado leitor, nem você leu errado, nem eu pirei de vez.Este artigo pretende isso mesmo dar novos motivos para que os moços e moças do nosso Brasil continuem lendo apenas o suficiente para não bombar na escola.
E continuem vendo a leitura como algo completamente estaparfúdio, irrelevante, anacrônico, e permaneçam habitando o universo ágrafo dos hedonistas incensados nos realitys shows.
(Êpa, acho que exagerei. Afinal, quem não lê, muito dificilmente vai conseguir compreender esta última frase. Desculpem aí, manos: eu quis dizer que os carinhas, hoje, precisam de um dicionário pra entender gibi da Mônica , na onda dos sarados que veem na telinha, e que vou dar uma força pra essa parada aí.)
Eu explico mais ainda: é que, aproveitando o gancho do salão do Livro Infanto-Juvenil, em novembro agora no Parque do Ibirapuera, Sampa, pensei em escrever sobre a importância da leitura. Algo leve, mas suficiente para despertar em meia dúzia de jovens o gosto pela leitura (de quê? De tudo! De jornais a livros de filosofia; bulas de remédio a conselhos religiosos; de revistas a tratados de física quântica; de autores clássicos a paulos coelhos.)
Daí aconteceram três coisas que me fizeram mudar de rumo e de idéia.Primeiro eu li que fizeram, alguns meses atrás, um teste de leitura com estudantes do ensino fundamental de uma dezena de vários países. Era para avaliar se eles entendiam de verdade o que estavam lendo. Adivinhem quem tirou o último lugar, até mesmo atrás de paizinhos miseráveis e perdidos no mapa mundi? Acertou, bródi: o nosso Brasil.
Logo depois, li uma notícia boa que, na verdade, é ruim: o (des) governo de São Paulo anuncia maior número de crianças na escola. Mas adotou a política da não reprovação. Traduzindo: neguinho passa de ano, sim, mas continua tecnicamente analfabeto. Porque ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem saber quanto tem no banco.
E, por último, li em pesquisa publicada recentemente nos jornais, que para 56% dos brasileiros entre 18 e 25 anos comprar mais significa mais felicidade, pouco se importando com problemas ambientais e sociais do consumo desenfreado. Ou seja, o jovem brasileirinho gosta de comprar muitas latinhas de cerveja, mas toma todas e joga nas ruas ou nas estradas, sem remorso.
Viram como ler atrapalha?
A gente fica sabendo de fatos que, se não soubesse, teria maiss tempo para curtir o próprio umbigo numa boa, sem ficar indignado e preocupado com a situação atual de boa de nossa juventude.

E também faz o tico e o teco (nossos dois neurônios que ainda funcionam no cérebro, já que se dividirmos o quociente de inteligência nacional pelo número admirando o crescimento do bumbum e do muque no espelho das academias de musculação.
Por isso que, num momento de desalento, decidi que, de agora em diante, como escritor e professor, nunca mais vou recomendar a ninguém que leia mais, que abra livros para abrir a cabeça.
A realidade é brutal e desmentiria em seguida qualquer motivos que eu desse para um jovem tupiniquim trocar alienação pela leitura.
Eu reconheço: a maioria está certa em não ler.
E tem no mínimo, 5 razões poderosas, maiores e melhores que meus frágeis argumentos ao contrário.
1.Se ler, vai querer participar como cidadão dos destinos do País. Não vale a pena o esforço. Como disse Lula (que não teve escola, mas sempre leu pra caramba), a juventude não gosta de política, mas os políticos adoram. Por isso que eles mandam e desmandam há séculos;
2.Se ler, vai saber que estão mentindo e matando montes de jovens todos os dias em todos os lugares do Brasil impunemente, principalmente porque esses jovens não percebem nem têm como saber ( a não ser lendo) a tremenda cilada que é acreditar que bacana é mentir e matar também;
3.Se ler, vai acordar um dia e se perguntar que diabo é isso que anda acontecendo neste lugar, onde só ladrões, corruptos, prostitutas e ignorantes aparecem na mídia;
4.Se ler, vai ficar mais humano e, horror dos horrores, é até capaz de sentir vontade de se engajar num trabalho comunitário, voluntário e parar de ser egoísta;
5.Se ler, vai comparar opiniões, acontecimentos, impressões e emoções e acabar descobrindo que sua vida andava meio torta, meio gado feliz.
O espaço está acabndo e me deu vontade de lembrar que ninguém - nem mesmo alguém que não vê utilidade na leitura - pode achar que há um belo futuro aguardando uma juventude que vai de revólver pra escola e , lá , absorve não conhecimentos, mas um baseado ou uma carreirinha maneira. Sim, é outra pesquisa que li, está dando conta que sete entre dez bebem regularmente.
Mas paro por aqui já que, apesar destes tristes tempos verdes e amarelos (as cores do vômito, papito), lembro também de tantos poetas, jornalistas e escritores que, ao longo de minha vida de leitor apaixonado,me deram toques de esperança, força e fé na mudança.
De um especialmente - o poeta Tiago de Melo - com seu verso comovido e repleto de coragem: "Faz escuro, mas eu canto!"
Talvez meu pequeno cantar sirva de guia do homem (e mulher) de amanhã. E que, lendo mais, ele/ela evite de ter como única alternativa para mudar de vida dar a alma ou engolir baratas (e a dignidade) diante das câmeras de televisão.




1 comentários:

#Manúh DYNCS# disse...

Muito PERFEITO o artigo!
Eu prefiro continuar Lendo,afinal assim posso ainda "cantar no escuro" também!

 
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