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Leituras obrigatórias do vestibular

quinta-feira, 8 de abril de 2010

1º ano
Trovadorismo


Origem do trovadorismo, os trovadores, literatura medieval, literatura portuguesa, história da Idade Média, cantigas de amor, cantigas de amigo, de escárnio e maldizer, cancioneiros, livros, canções, música, uso de instrumentos musicais

Iluminura medieval: trovador

• Introdução
• Podemos dizer que o trovadorismo foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Surgiu no século XII, em plena Idade Média, período em que Portugal estava no processo de formação nacional.

• Marco inicial

• O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura portuguesa vai até o ano de 1418, quando começa o Quinhentismo.

Trovadores

Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas de origem nobre, que compunham e cantavam, com o acompanhamento de instrumentos musicais, as cantigas (poesias cantadas). Estas cantigas eram manuscritas e reunidas em livros, conhecidos como Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da Biblioteca”, “Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”.

Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.

No trovadorismo galego-português, as cantigas são divididas em: Satíricas (Cantigas de Maldizer e Cantigas de Escárnio) e Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo).

Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga ou não.

Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando-se de duplos sentidos.

Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).
Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico é um homem, nas de Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem homens). A palavra amigo nestas cantigas tem o significado de namorado. O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado.

Cantigas de Amor:

• Eu lírico masculino.


• Ausência do paralelismo; predominância das idéias.


• Motivo literário principal: a certa amorosa do poeta perante um mulher idealizada.


• Amor cortês, convencionalismo.


• Ambientação aristocrática das cortes.


• Forte influência provençal.

Cantigas de Amigo:

• Eu lírico feminino.


• Presença do paralelismo; musicalidade.


• Motivo literário principal o lamento da moça cujo namorado partiu.


• Amor natural e espontâneo.


• Ambientação popular rural ou urbana.


• Influência provençal atenuada; presença da tradição oral ibérica.


Trovador - alta nobreza ou clero, músico.


Segrel - nobre decadente, poeta, cantor.


Jogral - cantores.


Menestrel - cantores.


Soldadeira - mulheres que acompanha os jograis.



Cantiga da Ribeirinha



Cantiga da Ribeirinha ou Cantiga de Guarvaia é o primeiro texto literário em língua galaico-portuguesa de que se tem registro. A cantiga foi composta provavelmente em 1198, por Paio Soares de Taveirós, e recebeu esse nome por ter sito dedicada à Dona Maria Pais Ribeiro, amante de Dom Sancho I, apelidada de Ribeirinha. Segue o modelo das cantigas de amor do Trovadorismo galego-português (possui o eu-lírico masculino), pois fala de um amor platônico por uma mulher nobre e inacessível.

No mundo non me sei parelha,

Mentre me for como me vai,

Cá já moiro por vós, e - ai!

Mia senhor branca e vermelha.

Queredes que vos retraia

Quando vos eu vi em saia!

Mau dia me levantei,

Que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, desd'aquel'di, ai!

Me foi a mi mui mal,

E vós, filha de don Paai

Moniz, e bem vos semelha

D'haver eu por vós guarvaia,

Pois eu, mia senhor, d'alfaia

Nunca de vós houve nem hei

Valia d'ua correa.



A cantiga de amor

A cantiga de Exemplo de lírica galego-portuguesa (de Bernal de Bonaval):

"A dona que eu am'e tenho por Senhor

amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,

se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus

e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,

se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer

de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,

se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,

mostrade-me-a algo possa con ela falar,

se non dade-me-a morte."

Cantiga de amigo

Exemplo (de D. Dinis)

"Ai flores, ai flores do verde pino,

se sabedes novas do meu amigo!

ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,

se sabedes novas do meu amado!

ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,

aquel que mentiu do que pôs comigo!

ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,

aquel que mentiu do que mi há jurado!

ai Deus, e u é?"

(...)


Tradução da cantiga da ribeirinha?


No mundo não conheço ninguém que se compare a mim em infelicidade, enquanto minha vida continua como vai indo, porque já morro de amor por vós - e ai! minha senhora vestida de branco e de faces rosadas, quereis que eu vos descreva quando eu vos vi sem manto! Em infeliz dia me levantei, pois vos vi bela, e não feia! E, minha senhora, desde aquele dia, ai! tudo ocorreu muito mal para mim, e vós, filha de Dom Paio Moniz, aparece-vos suficiente e satisfatório, que eu deva receber, por vosso intermédio,uma guarvaia (por pintar vosso retrato); pois eu, minha senhora, na verdade como prova de amor nunca de vós recebi nem receberei nem o simples valor de uma correia.

vocabulário: 1)parelha : semelhante , igual 2)mentre: enquanto 3)ca: pois, por que 4)moiro: morro 5)senhor: forma usada para ambos os sexos 6)queredes que vos retraia:querei que vos retrata,evoque 7)que vos enton nom vi fea!: pois então vos vi linda 8)Correa: correia,ou seja, coisa de pouco valor

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